Maria Bonita transforma lixo em arte de luxo


Obras em sintonia com o meio ambiente, pelo bem da natureza Tudo o que pode prejudicar o meio ambiente ou causar danos à natureza se transforma em arte nas mãos da artista plástica Maria Bonita Rodrigues Georges. Seu ponto forte é a criação. Qualquer objeto que lhe chega às mãos, seja através de amigos ou por aquisição própria, ganha forma e beleza surpreendentes. Nada se perde, tudo se aproveita, tudo se recicla. Com obras de arte espalhadas pelo Brasil (algumas em grandes centros empresariais de São Paulo), Maria Bonita é considerada a ‘Embaixatriz da Arte’ da fronteira no país. Repassando seus conhecimentos às pessoas que gostam da arte e da cultura, a artista trabalha diariamente com materiais descartados pela sociedade. “Reciclo tudo o que possa ser prejudicial ao meio em que vivemos”, justifica. Ferros, fios, peças, eletrodomésticos, vidros e até móveis velhos, que geralmente vão para o lixo acabam no atelier de Maria Bonita, na Avenida Brasil, centro de Ponta Porã. “Os amigos me trazem muitas coisas, pois sabem que eu aproveito”, explica ela. Ali, tudo o que se pode chamar de ferro-velho toma forma. O lixo é transformado em arte, em luxo. Produtos que facilmente seriam encontrados em latões de lixo, recebem tratamento vip, passam por técnicas que simbolizam as raízes da fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero. O seu primeiro mestre foi o artista alemão Ranximer, que fazia pinturas à base de pó de carvão, pouco utilizado nos dias atuais. Novas técnicas vieram com a saudosa professora Antônia Capilé, em 1960. Foi quando aprendeu a fazer ‘reaproveitamento’, termo hoje substituído por reciclagem. Para reaproveitar, Maria Bonita desenvolveu o dom da criação artística. Quando jogam vários objetos velhos à sua frente, logo surge em mente uma forma, uma seqüência estrutural, uma combinação de cores. Com imaginação, um simples pedaço de lixo virar arte. O segredo desta artista se resume em vontade e criatividade para qualquer situação ou material a ser utilizado: papel-jornal, parafuso, lata, uma simples vassoura velha ou concha de mantimentos. Tudo se transforma em peça de decoração. Maria Bonita se mantém atualizada participando de aulas dos artistas plásticos Gustavo Marques e Marcial Betti, um dos mais renomados do eixo Rio - São Paulo. Maria Bonita quer repassar às novas gerações todo seu conhecimento artístico, desde as obras de pátina com técnicas em mármore, até craquelê, acetinado e rústico, peças com jato de areia, sal grosso, argila e serragem tingida, entre outras. Do ferro-velho surgiu uma de suas obras mais premiadas: ‘Araras de Mato Grosso’. Uma antiga antena de televisão ganhou ar de antiguidade e luxo através do envelhecimento. O apoio à suas criações, que resultam em belíssimas obras, vem de amigas como Eliz Saldanha, Eloísa Helena da Costa e de uma de suas netas, Bruna Valdir Viesso Georges, que atualmente reside na cidade de Santo Antônio da Platina, no Paraná. Bruna já segue os passos da avó e lhe enviou uma amostra de uma caixinha para guardar bijuterias, feita de garrafas ‘peti’ de refrigerante. MODA Se no início da adolescência Maria Bonita Georges era apenas mais uma jovem aprendendo a fazer mangas de crochê e caixas de presentes, hoje ela carrega a arte em tudo o que faz. Adquiriu notoriedade também por fazer da moda uma grife própria através da costumização e bordados, dentre eles, a cafta árabe, de extrema beleza, trabalho que conta diariamente com a valorosa ajuda da senhora Vandirlene Mascena. O segredo da perfeição dos trabalhos de Maria Bonita é a determinação e persistência com que os projeta. Primeiro, desenha-os no papel até ficarem perfeitos, depois lixa e pinta. “Montar é rápido, o difícil é usar as técnicas certas”, explica. Ela recicla colares, sapatos, bolsas, couro, plástico e pingentes para roupas. Fivelas são lixadas e pintadas para se transformarem em lindos colares. Bolsas de fuxico envelhecidas com ouro antigo, decoradas com rosas de cetim ou trabalhadas com vela, sapatos recortinados. Esse esforço leva à notoriedade pública. Como acontece em outras profissões, o reconhecimento veio mais rápido fora do Estado. Bordando por metro, utilizando a técnica apropriada, vidrilhos e miçangas, Maria Bonita faturou um carro zero quilômetro em São Paulo. As obras de Maria Bonita estão espalhadas pelo país, enfeitam centros empresariais de São Paulo, a Bolsa de Valores, finas residências no Rio de Janeiro e várias lojas, empresas e casas de Ponta Porã e outras cidades de Mato Grosso do Sul. Grandes acervos estão distribuídos nas residências dos filhos ou de amigos que admiram a beleza das obras de arte da ‘embaixatriz’ da fronteira.

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